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Negra desenvolve curso de formação para professores da rede pública de Cuiabá
Negra desenvolve curso de formação para professores da rede pública de Cuiabá
12/11/2007 14:24:46
por Coordenadoria de Comunicação Social
Dinâmica utilizada no curso possibilitou que os participantes compartilhassem  suas histórias de vida
Dinâmica utilizada no curso possibilitou que os participantes compartilhassem suas histórias de vida

“Foi muito importante, pois serviu para quebrar muitos paradigmas relacionados à raça”, esta foi a opinião da professora Lucimar Delgado, da Escola Municipal Henrique Prado, sobre a sua participação no Curso de Formação sobre as Relações Étnico-Raciais desenvolvido pelo Núcleo de Estudos sobre Educação, Gênero, Raça e Alteridade(Negra) da Universidade do Estado de Mato Grosso( Unemat )

Lucimar foi uma entre os cerca de 180 professores da rede pública municipal de Cuiabá que concluíram na última sexta-feira(09) concluíram o curso de formação .Desenvolvido pelo Negra em Cuiabá, o curso foi executado pela Secretaria de Educação da capital por meio do Projeto Abraço e recebeu o financiamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

A participação do Negra se deu a partir de uma seleção de propostas em que o núcleo concorreu com uma instituição de Brasília e foi vencedor.Desenvolvido em quatro módulos, o curso teve inicio em setembro e objetivou a preparação dos professores para atuação em conformidade com a Lei 10.639/03, que torna obrigatória no currículo da rede de ensino o estudo da temática História e Cultura Afro-Brasileira. A intenção é que os cursistas, a partir da formação, atuem como multiplicadores socializando os conhecimentos adquiridos no curso nos estabelecimentos ensino em que atuam.

De acordo com Alexandre de Oliveira, membro da coordenadoria de formação da SME e da coordenação do curso, além da implementação da lei, um dos resultados esperados com curso é que se transforme em estímulo de uma da prática efetiva de discussão na escola sobre a questão étnico-raciais.

Durante os quatro módulos, os professores-cursistas, discutiram temas relacionados à História da África; O negro no Brasil com enfoque para Mato Grosso; O negro e a linguagem; Negro e Cultura e a produção de materiais didáticos através da memória cultural como a música, os ritos e outras manifestações. Estes foram versados por professores da Unemat e de outras instituições de ensino superior de Mato Grosso e do Maranhão. Coordenado pela professora da Unemat e coordenadora do Negra, Jackeline da Silva Costa, que é mestre em Educação, o curso também foi um espaço para repensar a atuação docente. “Na ação em sala de aula, eles não percebem o preconceito. Esse preconceito é naturalizado”, aponta a professora Jacqueline.

No último módulo, realizado na última semana, os cursistas, organizados em grupos, apresentaram as propostas de desdobramento da Lei 10.639/03. A produção de pesquisa que tragam uma outra historiografia do negro, o trabalho interdisciplinar e a continuidade da formação foram algumas das propostas apresentadas. Estas serão incluídas no planejamento do ensino de 2008. Também foi um dos desdobramentos do curso, propostas de mudança do Projeto Político-Pedagógico (PPP) das escolas.

Muitas escolas já realizam trabalhos relacionados a temática étnico-racial como é o caso da Escola Maximiliano Arcanjo da Cruz, localizada na região periférica de Cuiabá. O professor Agnaldo Borges, da disciplina de Artes, disse que neste semestre a influência africana no Brasil foi o tema trabalhado com os alunos em diferentes disciplinas. Nos trabalhos foram abordados assuntos como a discriminação racial e também elementos incorporados pela nossa cultura e que foram trazidos da cultura africana. Para Agnaldo o curso mostrou como a discriminação racial está diluída na nossa sociedade. “O curso mudou totalmente a nossa forma de pensar. Começamos a perceber que existe há muitas formas de discriminação racial com os afrodescendentes e que não percebemos”,afirmou o professor que aponta a educação como uma das formas principais de contribuir para mudar essa realidade.

Jackeline destaca a importância de repensar a prática pedagógica. e também o cuidado para que as ações não resultem na folclorização do negro, ou fique restrita apenas as comemorações do dia 20 de novembro. No fechamento das atividades, o professor mestre da Universidade Federal do Maranhão (UFMA)Acildo Leite da Silva , doutorando em História da Educação pela Universidade Federal Fluminense(UFF), trabalhou a História do Negro no Brasil com recorte para o Estado de Mato Grosso no período colonial. A proposta do docente foi trazer para os cursistas uma outra visão da atuação do negro em Mato Grosso, auxiliando na desconstrução da imagem do negro coisificado, ou seja, visto apenas como escravo.

Acildo destaca a importância do curso para construção de uma nova escola. “ Esta mesma escola pode funcionar como um espaço para melhorar as relações raciais no Brasil.Para isso aconteça, cursos como esse são fundamentais. É uma abertura muito grande para a construção de uma nova escola, em que acontece verdadeiramente uma democracia racial e o núcleo Negra está na vanguarda dessas discussões".

No encerramento do curso, alunos e professores de nove escolas apresentaram canções e danças e danças afro. Representantes do Movimento de Inteligência Negra (MIN) apresentaram uma coreografia de samba de raiz. A intenção foi que o mento configurasse em um espaço de socialização das atividades que já estão sendo realizadas nas escolas para promoção da Lei 10.639/03.

Por: Elaine Tortorelli/ Coordecom- Unemat

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